Receitas para construir uma ponte
Estas estruturas mudam o cenário das cidades e também todo o panorama econômico e social.
A Rio-Niterói é maior da América do Sul graças aos 13 kms que conectam as cidades brasileiras que a batizam. A da Amizade liga Brasil e Paraguai, e a da Fraternidade encurta a distância entre Argentina e Brasil. Todas têm papéis estratégicos. As pontes surgiram da necessidade de cruzar rios de forma mais rápida e segura.
Existem diversos tipos de pontes. A escolha do desenho técnico tem a ver com a funcionalidade da estrutura. Qual número de veículos vão transitar, se será apenas para uso de pedestres ou apenas para autos leves, tudo isso influencia na projeção da estrutura.
“O cálculo sobre o tráfego determina vários aspectos da ponte. A construção se justifica pela economia de tempo gerado ao entorno”, diz o economista do FONPLATA Óscar Carvallo.
Essas estruturas têm impacto no desenvolvimento ao facilitar o trânsito de bens e de pessoas, o que repercute na economia local.
Mais tempo, mais qualidade de vida
Outro impacto gerado pela construção de uma ponte é a redução do tempo nos traslados, com consequências imediatas na qualidade de vida daqueles que a utilizam.
Este foi o fator que motivou o FONPLATA a financiar a construção de uma ponte de 800 metros em Joinville, no estado de Santa Catarina, Brasil. A estrutura reduzirá os engarrafamentos e facilitará a circulação entre as zonas leste, norte e sul da cidade.
Os resultados serão perceptíveis também no setor econômico desta cidade, que produz 18,9% do Produto Interno Bruto catarinense.
“Todo projeto gera valor agregado. Os resultados são perceptíveis em pouco tempo após a construção de uma ponte”, detalha Carvallo.
De acordo com o engenheiro civil Luis Ernesto Baldivieso, responsável por diversos projetos do FONPLATA, para construir uma ponte é necessário o adequado estudo técnico, econômico e socioambiental.
“É preciso cumprir as especificações internacionais e nacionais para o tipo de trânsito e a carga a circular pelo local”, conta Baldivieso.
Clima e progresso
De acordo com os critérios do FONPLATA, a empresa construtora “precisa ter capacidade técnico-econômica para realizar a obra, da mesma maneira que a consultora que irá supervisar os trabalhos executados”, enumera o engenheiro.
Também “é preciso observar as mudanças climáticas e a intensificação do ciclo hidrológico. Hoje em dia as chuvas são mais intensas e em períodos mais curtos, o que causa enchentes. As novas pontes têm que ser mais altas para que não sejam arrastadas por inundações”, explica Marina Dockweiler, outra responsável por projetos do FONPLATA.
Os cálculos devem contemplar também a proteção das fundações e dos estribos. “Caso a ponte esteja conectada a uma estrada, é preciso fazer obras de drenagem para o escoamento da água das chuvas”, detalha Dockweiler.
No departamento de Cochabamba, na Bolívia, o FONPLATA está construindo 21 pontes. Quando chove, o trânsito local de pessoas e de mercadorias fica limitado, causando perdas sociais e econômicas.
Este impacto negativo prejudica o desenvolvimento, reduzindo as oportunidades de crescimento. O projeto busca reduzir este tipo de problemas e melhorar a qualidade de vida dos habitantes das áreas rurais e isoladas deste departamento boliviano.
Por tudo isso, mais que uma estrutura física, uma ponte significa a conexão para o progresso.