Assim evitam o desperdício de alimentos na Bacia do Prata
Este é um fenômeno mundial: milhões de toneladas de comida em bom estado vão parar no lixo.
Para a cozinheira Regina Tchelly a cozinha é um lugar de transformação social. Originária do nordeste, uma das regiões mais pobres do Brasil, desde pequena aprendeu a aproveitar os alimentos.
O que não é possível comer, ela usa como adubo ou semeia no quintal de casa. É lá que funciona o Favela Orgânica, um projeto que ensina a evitar o desperdício de alimentos. O sucesso foi tanto que Regina acabou ganhando um programa na TV onde ensina a fazer receitas que dão água na boca.
A FAO, a agência da ONU para a Alimentação e Agricultura, estima que o desperdício de alimentos na América Latina e no Caribe seja de 226 quilos por pessoa ao ano. As perdas não acontecem apenas na cozinha. Elas estão presentes desde a produção, colheita, armazenamento e comercialização. No Brasil, são jogadas no lixo 40 mil toneladas de alimentos diariamente.
O desperdício significa a redução dos alimentos nas sucessivas etapas da cadeia de fornecimento, do produtor ao consumidor. O contraditório é que enquanto toneladas de alimentos vão para o lixo, cerca de 11% da população mundial passa fome. Para resolver este problema, o organismo adverte que é necessário reduzir este desperdício à metade até 2030.
Programas e solidariedade contra o desperdício
Regina não está sozinha nesta luta. Na região da Bacia do Prata outras iniciativas estão sendo levadas adiante para reduzir a quantidade de alimentos em bom estado que s{ao desperdiçados todos os dias.
Na Argentina está em vigor um alerta para redes sociais, que faz parte da campanha “Valorizemos os alimentos”, um programa nacional de redução de perda e desperdício de comida.
O projeto do Ministério de Agroindústria, e integrado com empresas do setor de alimentos, conseguiu chamar a atenção de oito milhões de pessoas sobre o consumo consciente. Os resultados alcançados na primeira etapa deste trabalho tornaram a Argentina a líder regional contra o desperdício.
No Paraguai, a campanha “Salvemos a comida” sugere estas ações para evitar o desperdício: consumir com responsabilidade, conservar os alimentos de forma mais eficiente, transformar toda a comida em pratos criativos e que possam ser reaproveitados em outras receitas. De acordo com a FAO, os desperdícios gerados no Paraguai poderiam satisfazer as necessidades de pelo menos 269 mil pessoas durante um ano.
No Mercado Modelo de Montevidéu, no Uruguai, a REDALCO (Rede de Alimentos Compartilhados) trava uma batalha contra o desperdício de alimentos. Esta Organização Não Governamental obtém frutas, legumes e vegetais que não foram vendidos e que ainda estão aptos ao consumo.
Uma vez coletada, a comida é classificada e dividida entre diferentes organizações sociais, refúgios de mulheres, centros de atenção à família e jardins de infância, entre outros. Desta forma os integrantes da REDALCO querem contribuir para diminuir o número de uruguaios que passam fome, que, segundo dados da FAO, representam cerca de 2% da população.
Só em 2017 cerca de 141 toneladas de alimentos foram recuperadas nesta grande central abastecedora do país e entregues a organizações sociais que trabalham com grupos vulneráveis.
Estas iniciativas demonstram que o tema do desperdício de alimentos está começando a gerar consciência em todo o mundo. As iniciativas particulares e de governo se somam também ao fato de este ter sido um dos temas da 3ª Assembleia do Meio Ambiente da ONU, realizada em dezembro passado.