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2021: O futuro não será como antes

Ph. DEPROS via Getty Images

O saldo de um ano diferente e os desafios para o próximo.

Juan E. Notaro

Presidente Executivo do FONPLATA – Banco de Desenvolvimento

Escrevo estas linhas poucas horas depois de terminar a última reunião do ano da Diretoria do FONPLATA — Banco de Desenvolvimento, encontro que normalmente dedicamos a rever as realizações dos últimos doze meses.

Além das muitas realizações e progressos em nossas áreas regulares de trabalho, que compartilharei nos próximos parágrafos, as atividades em 2020 foram fortemente marcadas pela resposta à pandemia de COVID-19.

A emergência sanitária e suas devastadoras consequências econômicas nos obrigaram a ser criativos, ágeis e flexíveis. Tratava-se de cuidar da saúde e proteger a economia da melhor maneira possível, ao mesmo tempo em que continuamos executando nossos projetos de desenvolvimento.

Olhando agora em perspectiva, e partindo das reflexões mensais nesta coluna, percebo que os eventos que precederam a crise do coronavírus de alguma forma nos prepararam para responder a ela.

Comecei o ano participando — junto com o Papa Francisco, personalidades da academia, organismos internacionais e instituições financeiras de todo o mundo — do Fórum “Novas formas de fraternidade solidária: inclusão, inovação e integração”.

Nesse encontro, partilhamos nossa visão sobre a necessidade de adotar atitude mais solidária nas estratégias de desenvolvimento, promover a inclusão, a igualdade e superar algumas injustiças históricas com as quais vivemos há muito tempo. 

Poucas semanas depois, em fórum de integração que organizamos em conjunto com a LatinFinance, testemunhei o compromisso de países, instituições e profissionais de nossa região, dispostos a lançar iniciativas para consolidar a integração entre todas essas nações. 

Na época, não imaginávamos que a visão comum, o compromisso conjunto e o futuro inclusivo com os quais nos comprometemos naquela reunião seriam colocados à prova semanas depois, quando a pandemia fosse declarada. 

Os desafios que 2020 nos apresentou não foram poucos, nem fáceis. Mas o maior de todos ainda estava por vir. Começamos a perder vidas em todo o mundo, as economias se paralisaram, o medo e a desesperança se espalharam tão rápido quanto o vírus.

Mas o vírus também deu outra dimensão à importância da solidariedade e impôs nova — e muito mais ambiciosa — agenda de trabalho aos bancos de desenvolvimento. 

Em nome do FONPLATA — Banco de Desenvolvimento, atuamos nas duas frentes mais impactadas pela pandemia, saúde e economia. Criamos uma linha de apoio à reativação econômica de US$ 1 bilhão e aprovamos US$ 120 milhões de desembolso rápido para a emergência sanitária.

Ao final deste ano, superamos em muito, e pelo oitavo ano consecutivo, as projeções de desembolsos e aprovações de crédito; o que contribuiu para manter nossa classificação de crédito como instituição financeira confiável. 

Da mesma forma, trabalhamos na ordenação da carteira a partir de sua contribuição para os objetivos de desenvolvimento sustentável. Tudo isso com quase toda a equipe trabalhando remotamente, sem perder agilidade, capacidade de resposta e comprometimento com as agendas desafiadoras de nossos países.

Tudo isso me dá razões para estar otimista sobre dois dos objetivos estratégicos que nos propusemos para 2021: melhorar ainda mais nossa classificação de crédito para oferecer um serviço ainda melhor e conseguir a incorporação de novos países membros.

 No entanto, ainda há muito a fazer para superar os desafios que 2020 nos deixa. As consequências da pandemia, a recuperação econômica e o avanço da vacinação serão as prioridades nos próximos meses.

São tarefas para as quais Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai podem continuar contando conosco. O futuro não será como antecipávamos há 12 meses, mas se nos deixarmos guiar pela solidariedade, igualdade e justiça, tenho certeza de que será melhor. 

Muito melhor. 
 

Texto publicado originalmente na coluna mensal de Juan E. Notaro no Huffington Post.

30/12/2020